Coronavrus: hospital nega transplante de corao a paciente no vacinado contra a Covid-19 nos EUA

DJ Ferguson, um paciente norte-americano de 31 anos, foi retirado da lista de transplantes por não ter se vacinado contra a Covid-19, entre outros fatores não revelados para “proteger a privacidade” do norte-americano, segundo o Brigham and Women’s Hospital, de Boston, que negou um transplante de coração ao indivíduo sob as políticas do próprio hospital.

Os relatos foram dados por seu pai, David Ferguson, afirmando também que “a vacina vai contra os princípios básicos” de seu filho. O hospital norte-americano comunicou à BBC News na última quarta-feira (26) que a disponibilidade limitada de órgãos é um fator que leva ao regulamento mais rígido para que um paciente seja elegível.

“Dada a escassez de órgãos disponíveis, fazemos de tudo para garantir que um paciente que recebe o transplante tenha as melhores chances de sobrevivência”, diz o comunicado.

Para ser elegível ao recebimento de órgãos, conforme trata um porta-voz do hospital, é exigida a “vacina contra Covid-19 e determinados comportamentos e estilo de vida para os candidatos a transplante”, visando criar as melhores chances de uma cirurgia bem-sucedida, boa recuperação e “otimizar a sobrevivência do paciente”.

O Brigham and Women’s Hospital ressalta que o sistema imunológico de receptores é “drasticamente suprimido” devido ao uso de drogas que inibem a defesa natural do corpo — conhecidas como “imunossupressores”, cujo intuito é prevenir a rejeição de órgãos — e poderiam agravar uma potencial infecção pelo SARS-CoV-2.

A unidade cirúrgica sugere que outros fatores contribuíram para a decisão de retirar o paciente da lista de transplantes, mas para “proteger a privacidade” do paciente, segundo o hospital, outros detalhes não foram reveladas.

DJ Ferguson, pai de dois filhos — e em breve três, segundo a BBC News — está internado desde 26 de novembro de 2021. O paciente sofre de um problema cardíaco hereditário que faz com que os pulmões encham de sangue e fluidos.

A rejeição à vacina vem se tornando um problema nos Estados Unidos, levando autoridades a elaborarem e sugerirem regras mais rígidas ao governo.

Ao CBS News, Dr. Arthur Caplan, diretor de ética médica da Escola de Medicina Grossman na Universidade de Nova York, reitera que “os órgãos são escassos e não serão distribuídos para alguém que tenha poucas chances de viver quando outros vacinados têm melhores possibilidades de sobreviver após a cirurgia”.