Apple pode ser processada por gravaes acidentais da Siri, decide juiz

Atualização (03/09/21) – JB

Apesar de ter vencido um importante processo no início do ano, a Apple pode ter mais problemas pela frente. Isso porque o juiz distrital dos Estados Unidos, Jeffrey White, decidiu que os usuários de uma ação coletiva podem sim processar a Apple por quebra de privacidade.

A única condição é que eles precisam comprovar que a Siri gravou suas conversas privadas após ser acionada por acidente.

O caso está em julgamento desde 2019 e ele começou quando um usuário denunciou a Apple por gravar conversas pessoais e repassar o material para uma equipe que ajuda a aprimorar a assistente virtual. A empresa de Cupertino chegou a negar, mas o caso acabou virando uma ação coletiva.

No mesmo processo, um homem afirma que a Siri ouviu sua conversa com um médico e começou a sugerir anúncios relacionados a um procedimento cirúrgico.

White afirma que os processos podem alegar que a Apple violou a lei federal de escutas e a lei de privacidade da Califórnia, além de cometer violação de contrato.

Com o posicionamento do juiz do caso, agora os usuários podem acionar a Apple judicialmente em ações separadas.

As ativações acidentais da assistente digital permitiam que os trabalhadores de uma empresa terceirizada que avaliavam as respostas da Siri ouvissem casais fazendo sexo, além de conversas contendo informações médicas privadas.

Em resposta anterior, a Apple alegou que a terceirizada não consegue identificar os usuários, uma vez que tudo acontece de forma anônima.

As solicitações do usuário não estão associadas ao ID Apple do usuário. As respostas da Siri são analisadas em instalações seguras e todos os revisores têm a obrigação de cumprir os estritos requisitos de confidencialidade da Apple.

Texto original (11/02/21)

Privacidade garantida? Apple vence de processo que acusava Siri de espionar usuários

A Siri é uma das melhores assistentes de voz para usuários de iPhone, ela já até chegou a salvar a vida de um usuário nos EUA ao chamar resgate após um acidente. Entretanto, muitas pessoas ainda temem pela privacidade ao utilizar essas funções, que fizeram a Apple ser acusada que espionar usuários por gravações de voz, processo do qual a empresa acaba de se salvar.

O processo foi iniciado em agosto de 2019 após o jornal The Guardian revelar que funcionários de uma empresa terceirizada da Apple analisavam trechos de áudios coletados pela Siri, que muitas vezes incluíam informações sigilosas desde natureza pessoal e até mesmo confidenciais.

Os reclamantes afirmavam que a Apple não os havia comunicado a respeito dessa quebra de privacidade antes de ativar o recurso “Hey, Siri.” no aplicativo da assistente virtual, o que causou quebra de privacidade e exposição de informações pessoais a terceiros, neste caso, os funcionários citados anteriormente.

Entretanto, o juiz Jeffrey White rejeitou a ação coletiva. Confira o parecer dado por ele:

O artigo do The Guardian não sugere de forma plausível que todos os dispositivos da Apple foram sujeitos a escutas acidentais e análises por terceiros, muito menos que tal interceptação sempre ocorreu em ambientes razoavelmente privados.

Além disso, o artigo afirma expressamente que apenas uma “pequena parte” das ativações da ‌Siri‌, inclusive, foi enviada para terceirizados. Finalmente, embora o artigo descreva comunicações privadas entre as gravações enviadas aos contratados, os demandantes não alegam nenhum fato que sugira que suas próprias comunicações privadas foram interceptadas por escutas acidentais.

Dessa forma, o processo foi rejeitado pelo juiz, pois ele entendeu que os usuários reclamantes não foram prejudicados pela “escuta acidental” da Siri, afinal não conseguiram provar que isso tenha gerado qualquer prejuízo financeiro ou pessoal. Sendo assim, White alegou que faltaram provas individuais de que dados sigilosos foram coletados.

Apesar da decisão, o juiz estabeleceu um prazo de 20 dias para que os envolvidos na ação coletiva a revisem suas acusações. Neste caso a Apple pode ser obrigada a fornecer mais esclarecimentos a respeito da gravações de voz que a Siri realiza durante seu funcionamento, caso novas provas sejam apresentadas.

Você acha que essa escuta contínua das assistentes virtuais viola a privacidade dos usuários? Conte nos comentários.